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Tiago Fraústo
“Adequar os produtos e serviços às reais necessidades dos clientes” é a principal mudança que a tecnologia da telemática representa no mercado de seguros automóveis. A afirmação é de Tiago Fraústo, Strategy and Business Development Manager da Seguro Directo, que realça a revolução e a importância da telemática para o mercado de seguros.
Tratar cada cliente de forma personalizada e oferecer produtos de acordo com o seu perfil é a grande mudança que esta tecnologia proporciona aos serviços oferecidos pelas seguradoras. Atualmente, sem acesso a tecnologia deste tipo, as seguradoras tratam os clientes todos por igual e oferecem soluções padronizadas, sem ter em conta o comportamento individual de cada pessoa ao volante.
Para que um novo cenário seja possível, o segredo está na conjugação da telemática com as soluções de dados auto. Através da telemática, é possível recolher informações sobre o comportamento do condutor e dados da viatura para determinar o grau de risco. Mas não é só. Além de oferecer uma melhor aferição do risco – atribuindo um custo mais justo –, esta tecnologia permite “desenhar serviços que atendam efetivamente às necessidades específicas dos clientes, passando de um racional de "mass market" para um de "one-to-one”, assinala Tiago Fraústo. Deixa apenas um alerta relacionado com a obrigação regulamentar e ética, que é o de esclarecer os clientes sobre os dados que irão partilhar.
O aumento da importância da telemática no mercado português
No mercado português, a importância da telemática é cada vez mais percecionada pelas seguradoras, mas ainda não é possível encontrar nenhuma solução integrada. Começaram a surgir exemplos de serviços que procuram explorar esta tecnologia. Exemplo disso é a Ok! Teleseguros que, em 2010, lançou um serviço que funciona através da telemática e da georreferenciação, facilitando a recolha de dados estatísticos sobre os hábitos de condução. Mais recentemente, a Fidelidade lançou uma app em conjunto com a Brisa, que recorre à telemática para permitir aos condutores melhorar o desempenho ao volante e reduzir custos.
Ainda assim, estes são casos isolados de serviços. “Existem algumas incursões pelo tema da telemática no mercado português, mas ainda não há uma clara e forte aposta no segmento”, refere o especialista da Seguro Directo, salientando que “aquilo que se encontra são, acima de tudo, soluções isoladas e pouco integradas em ecossistemas, logo, pouco relevantes para os clientes”. A própria Seguro Directo está a fazer uma análise ativa para a introdução de serviços de seguros baseados na telemática e Tiago Fraústo tem uma certeza: “novas soluções irão surgir brevemente no mercado”. Esta convicção fundamenta-se no facto de esta tecnologia ser cada vez mais acessível e na crescente procura dos clientes por outras alternativas à normal apólice de seguro.
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Os planos de seguros automóveis do futuro
Novos cenários vão-se desenhando para o futuro. As seguradoras pretendem oferecer “um plano de seguro ajustado ao uso que efetivamente [um consumidor] dá à sua viatura”, assinala Tiago Fraústo. E é aqui que se destaca a importância da telemática: possibilita a criação de soluções que relacionam o custo do seguro com o tipo de condução – de maior ou menor risco – e/ou a maior ou menor utilização do veículo.
Além disso, a telemática permite que as seguradoras ofereçam um conjunto de serviços que ajudam os clientes a cuidar melhor das suas viaturas, contribuindo ativamente para a redução do risco de acidentes, segundo Tiago Fraústo. Neste campo, entram as soluções ativas com base na manutenção preditiva, permitindo avisar os clientes quando a bateria se encontra em final de vida ou uma peça apresenta maior desgaste. Assim, conclui, estas soluções vão “direcionar o cliente para a solução do problema antes que o mesmo se agrave e represente um perigo para o condutor”.
Tecnologia . 05 nov. 2019